1.3.13

Cheiro

Existe um cheiro em mim. Um cheiro não meu, não seu. Um cheiro de passado, de ossos quebrados e de festas perdidas. Existe um cheiro que me lembra de tanto e de muito. Me faz esquecer algumas coisas cotidianas. Algumas merdas encontradas no caminho. Me faz esquecer das respostas demoradas e dos trabalhos atrasados. Do carpete a ser varrido e da louça a ser lavada.

Cheiro de perfume, cheiro de cigarro, cheiro de fritura, cheiro de shampoo. Tudo tem um espaço guardado na minha memória sensorial. Tudo tem seu lugar no meu mundo. E cada lugar tem seu significado incomensurável. A minha vida é cercada de aromas, de texturas e de memórias de lamúrias. Tudo tem seu momento.

Agora, por exemplo, sofro em constância e permanência. Mas isso nada tem a ver com cheiros.