10.1.14

enquanto ninguém vem pra cá, vou aproveitar pra conversar sozinho.
essa noite eu tive um sonho. acordei de pau duro e tudo mais. sonheiro que revisitava meu passado.. a época de ensino médio. sonheiro que voltava à sala de aula e que encontrava de novo aquela garota que me arrancava suspiros.

no sonho eu me aproximei, nos olhamos por uns instantes e nos beijamos. no sonho ela gostava de mim, na história de verdade ela foi a causa de longos meses de depressão. foi por causa dela que eu aprendi a beber pra esquecer. mas no sonho foi ótimo. no sonho eu tinha o controle da situação.

29.7.13

difícil

eu queria conversar, mas não sabia exatamente o que dizer.. como se nada servisse, nada funcionasse e nada saísse boca afora de maneira clara e objetiva. dessa forma, seria praticamente inútil tentar me comunicar.

eu queria ser ouvido, mas a bem da verdade, talvez o certo seria ser interrompido no meio de cada frase. talvez o certo seria aprender a ficar em silêncio e contemplar o resto do universo se movendo enquanto eu, egoísta e megalomaníaco, insisto em achar que meu umbigo é o centro de tudo.

eu queria parar e fugir, mas eu sei que o verdadeiro desafio é ficar e lutar. enfrentar o que vier sem reclamar e chorar nos cantos, blasfemando contra injustiças infantis.

o certo, sempre é pesado e difícil.
aliás, "difícil" é uma palavra que faz parte da vida.
lutar contra isso é difícil.

14.6.13

Concentra
Foco
Estabelece a meta,
mas não deixa ela te controlar
Um
passo de cada vez
um
dia após o outro
Um clichê de cada vez
Não foge, mas não fica parado
Mova
Cata os pedaços
monta tudo de novo
cola e pressão
Tudo de volta no lugar
cada fragmento
colado
feito vaso chinês
perdeu o valor?
talvez

9.5.13

esse eterno vazio, escuro e triste quarto sem janelas, pessoas ou vida. esse jogo sem regras, sem movimentos, sem planos e sem vencedores. esse filme sem roteiro, sem prêmio, sem direção. esse poço infinito. esse túnel sem luz.

3.4.13

Frustração


Você estuda feito um desgraçado pra conseguir o emprego dos sonhos. Acorda cedo, dorme tarde, come pouco, pensa muito. Se esforça, dá o seu melhor, supera cada obstáculo. Mas no fim, a vaga já está ocupada. No fim, você meio que sabia disso. Sabia que era impossível mas de alguma forma você queria tanto, mas TANTO, que valia a pena. Agora você tem todo esse conhecimento acumulado, todas as fórmulas decoradas, todos os cálculos memorizados. E pra quê? Pra enfiar no cu?

A frustração de uma experiência assim é horrível. Te coloca no chão, te tira o sono, o apetite, a vontade de viver.

28.3.13

pra que isso? como se cada peça desse jogo maldito fosse feita e desenhada e esculpida pra me machucar. pra causar dor e sofrimento cada vez que eu seguro e planejo um movimento. como se cada detalhe, cada forma e cada curva trouxesse um pouco de dor, um muito de dor, dor em formas diversas e variadas e aleatórias. mas todas fortes, e indestrutíveis. como se o mundo me sufocasse em cada rodada em cada partida em cada movimento e ação universal. como se tudo fizesse com que as lágrimas caiam e os joelhos fiquem doendo de tanto cair e levantar cair e levantar cair e levantar. vai ver é assim que deve ser. vai ver alguém me desenhou sabendo do futuro e do passado, me causando sofrimento propositalmente. vai ver alguém se diverte com essa merda toda e cada vez que eu acendo um cigarro e tomo um gole de vodka a pessoa gargalha até rolar no chão. vai ver o mundo tem isso mesmo. vai ver é um jogo sádico com peças envenenadas pra me matar aos poucos, com o cabelo caindo e os dentes apodrecendo. membro a membro sendo amputado e a língua necrosando. vai ver eu vou morrer jovem por uma causa perdida. vai ver ninguém vai lembrar de ir no meu funeral porque vai estar passando aquele filme novo na Tela Quente. vai ver as pessoas vão esquecer meu nome e quem eu fui. vai ver eu morro de verdade e ninguém vai saber disso até que o aluguel vença e a imobiliária vá me tirar a força de lá. vão encontraram um cadáver nu. porque eu vou morrer pelado. pra agredir, pra chocar, pra incomodar. vou fazer em morte tudo que não consegui fazer em vida. vou machucar cada pessoa que me deixou no silêncio do abandono naquela alcova acarpetada com cheiro de cigarro. vou voltar da morte pra assustar apavorar e fazer chorar cada vivalma que me causou dor e tormento. quero ver todo mundo sofrendo e rezando pra deuses diversos, pedindo perdão e suplicando que esse fantasma maldito suma, e que tudo volte ao normal. foi exatamente isso que eu pedi e nunca fui atendido. queria ser feliz um dia que fosse. mas não deu. não funcionou e agora eu morto vou amaldiçoar cada célula e fio de cabelo dessa geração desgraçada que me abandonou a própria sorte. quero a morte de todos. mas quero primeiro a minha.

mas antes mesmo, queria tentar ser feliz.

27.3.13

Chumbo


Bastam alguns poucos caracteres com uma mini miniatura, e um dia quase colorido fica pintado de carvão e chumbo. Aquelas guitarrinhas felizes e agitadas dão lugar as velhas conhecidas melodias embaladas com um piano triste e uma letra significante demais. O poder que algumas pessoas exercem sobre mim às vezes me tira do sério. Me faz querer matar e às vezes morrer. Muda minhas atitudes e eu fico feito palhaço de banho tomado com a janta servida esperando uma conversa. Fico bobo atordoado fingindo que tudo bem, uma hora ela vem. Fico cruzando os dedos, suando nas mãos, esfriando a barriga, borboletas vomitadas em paredes amareladas.

Tudo corria bem. O café funcionava me acordava, o trabalho tava rolando bem. Pdfs pulavam da caixa de saída como torradas em comercial de margarina. Eu levava um sorriso pra lá e pra cá, cheguei a fazer piadas, contar histórias e discutir teorias sobre aquele seriado que acabou me deixando incomodado. Tudo funcionava. Quando eu pensava em visitá-la, um pico de bom senso saltava forte e evitava o malefício. Minha força permitia livrar-me dos deletérios que tantas vezes me colocaram abaixo do rabo do cachorro, comendo minhocas e dormindo em papelão.

A força que essas coisas têm sobre mim não fazem mais sentido. Chega a ser triste me ver sorrindo e de repente morto por dentro. Com os dentes apodrecendo e a cara esvaziando como um balão de aniversário dois dias depois. Acho que é isso que aconteceu. Uma festa surpresa onde ninguém veio. O bolo com mosca em cima, os salgados com aquele mofo e os doces caídos no chão. Tudo errado. A música repetindo mil vezes porque alguém esqueceu de trocar o disco. Um cenário pós-apocalíptico. Como se zumbis tivessem aparecido e comido cada traço de esperança ou alegria que me restava.

Talvez seja isso. Talvez a minha festa já tenha acabado. Ninguém veio, ninguém virá. Talvez a vida seja assim mesmo. Medíocre, instável e triste. E tem gente que acha que vale a pena.