28.2.13

sempre


No fim, sempre soube que era minha culpa. Os olhares desviados, as frases encurtadas, os beijos diminutos disfarçados. Sabia que tudo estava ruindo e que pilhas de escombros ficariam sobre os ombros. A poeira flutuante e as lágrimas dançantes fariam parte da minha vida pra sempre. Sempre soube disso e hoje sei por que.

No futuro vou lembrar dessa saudade, dessa tristeza e dessa tragédia. Vou lembrar e vai doer como dói hoje. Vai manchar o lençol, a fronha, a camiseta. Vai encher cinzeiros e esvaziar garrafas. Vai continuar machucando e vai continuar causando a queda involuntária de lágrimas. Vou continuar encarando a janela com vontade de pular. Vou continuar olhando os pulsos com desprezo pela pele intacta. Vou continuar olhando as cartelas cheias de comprimidos que nunca tocaram uma língua.

Dessas marcas de lamento e sofrimento, vale-me lembrar sempre do sorriso que foi meu. Do amor que teus lábios me trouxeram, e do alívio que tantas noites tive ao ver-te ao meu lado. Hoje sei do tanto que fui feliz, e do muito que você me deu. E hoje eu sei mais o que sempre soube… a culpa sempre foi minha.