25.3.13

Alma

Me tomei por um desgosto tremendo pela vida. Desisti de ser feliz e de procurar alegria onde quer que seja. Desisti de muita coisa ao longo de tudo, e do tempo e do espaço, mas dessa vez desisto por ter sofrido muito. As noites perdidas em solidão e cigarros, as noites mal dormidas com vodca e comida mal cozida. Tantos filmes, tantas músicas e tantos jogos me passaram pelos olhos e ouvidos, e nunca fui realmente feliz. Tanta anestesia tomei pra fingir que não havia mais dor. Hoje as drogas não escondem minha dor, elas aumentam cada ferida e insistem em manter abertos os pulsos. Vejo sorrisos que tanto quis que fossem meus, correndo por aí, sofrendo suas próprias tragédias. Que tanto eu faria pra tirar do sofrimento esses olhos de carvão. Que tanto quis roubar tudo que me faria feliz, e por milhares de segundos me esconderia do mundo só pra mostrar que posso ser feliz sem ele. Escrevo torto e mal feito, mas tudo sai do jeito certo. Não tem constância, métrica nem mesmo sentido, mas pra mim serve como terapia de auto-conhecimento. Serve como uma cura pra doença sem diagnóstico. Uma patologia inexistente e com sintomas invisíveis. A verdade mesmo, é que sem parágrafo e sem colchetes, queria ela só pra mim. Não queria dividir seu cabelo e seus lábios com o mundo. Queria um tudo dela do meu lado pra sempre. Acordar no seu travesseiro e servir o mais delicioso dos cafés-sem-açúcar que o mundo pode imaginar. Meu sonho miserável, inalcançável e nefasto é traição, é mentira, furto e abdução. E por tamanha frustração decidi, vou morrer por dentro e viver enquanto esse corpo durar. Porque já é verdade, minha alma não está mais aqui.