17.10.12

Hoje

Hoje bebi leite. Voltei com a rotina desgraçada que acaba com minha vida. Voltei com o cálcio maldito que me lembra da morte, me lembra do passado, me lembra da vida filhadaputa que tenho que viver. Hoje acordei bem cedo, e cheio de vida, quis morrer. Hoje, quando levantei indisposto com os olhos quentes, tropecei nas próprias pernas e caí de cara na vida. Caí tão forte que doeu até no Eraldo do futuro. Hoje quase morri de tanto sofrer. Hoje, que ainda não virou ontem, ainda sofro com constância e permanência. Hoje que voltei a beber leite e ouvir minhas músicas, me sinto um pouco mais eu, e menos feliz. Menos ainda. Seria possível? Pelo visto, sim. Hoje sou mais eu, mais morto, mais fraco, mais frágil. Hoje continuo meu ritual de morrer aos poucos. Sozinho. O mesmo discurso, o mesmo destino. Hoje morro fácil, hoje morro murcho. Hoje vou cair tão forte que ninguém vai me segurar. Nem São Jorge vai te proteger.