3.1.13

Difícil

Tá difícil de dormir. Tá difícil de acordar. Eu fico sonhando o tempo todo. Sonho acordado com coisas que me fazem mal, sonho dormindo com coisas que me deixam feliz, mas então me fazem mal porque, evidentemente, não passam de sonhos.

Eu acordo com gosto de desgosto na boca. Acordo com o peso de mil decisões erradas me jogando no chão. Me impedindo de colocar as meias, vestir a calça e escovar os dentes. Acordo querendo um copo cheio de vodca e suco em pó. Acordo querendo dormir, mas querendo evitar, porque né, tem a história toda do sonho que me tira do meu eixo.

Acho que é isso, minhas noites de sono me tiram do meu próprio eixo. Me colocam numa órbita caótica e nem um pouco divertida. Não são como os sonhos dos poetas, sonhos dos apaixonados, dos sonetistas e dos românticos. São sonhos cancerosos. Sonhos de morte pura e devaneio sofrível.  Sonho que tira do sério, que tira do lógico, que tira a sanidade de qualquer um.

Tá difícil querer dormir, e pior ainda pra querer acordar. Tá difícil de se virar na cama, com o cobertor enrolando nas pernas. Difícil de virar pro lado confortável com a luz direto na cara. Tá difícil de beber água porque desce cortando. Difícil de fumar o cigarro, porque já não resolve mais.

E é assim que se faz drama. Um drama por dia, pra deixar a vida menos triste. Pra converter toda esse suor em água potável.